REENCARNAÇÃO – A DESCIDA DE UMA ALMA
- Da mesma forma que a morte, o nascimento deveria ser melhor explicado. Para o Espírito com o dever cumprido, a morte é a transição venturosa para uma vida superior, enquanto a reencarnação afigura-se a morte para o Espírito que desce à matéria para novas provas.
- A reencarnação será sempre necessária enquanto o Espírito não adquirir o poder de evoluir fora do corpo físico, isto é, enquanto não houver quebrado os cinco primeiros grilhões da consciência: a ilusão do eu pessoal, a dúvida, a superstição, a sensualidade e a cólera. Enquanto esta condição não for alcançada, terá de sofrer as provas da vida física. A perda da memória atávica é o misericordioso recurso contra a ilusão do suicídio.
- Vejamos a descida de uma Alma que deixa os planos superiores para cumprir um programa reencarnatório no plano físico ditado pelo carma.
- Ao longe, a visão dos círculos de pedra dos homens: suas cidades ruidosas, com suas psicosferas penumbrosas. O Espírito faz uma parada para avaliar a distância vibratória que o separa da região luminosa que está deixando e sente-se desfalecer. Seu Instrutor o ampara, ministrando-lhe energias confortadoras e procurando levantar-lhe o ânimo.
- - Coragem, Alma amiga! Diz. Lembra-te que lá em cima, com o coração cheio de fé, antevendo a magnifica visão do teu triunfo, juraste vencer. Sê firme agora. Lá embaixo a Prova necessária.
- - Perdoa-me, Mestre! Eu me esforçarei. Mas... e se lá embaixo eu não puder mais reunir minhas lembranças?
- - Tu o poderás. Basta-te reunir o conhecimento espiritual. Se o souberes, estarei sempre contigo.
- - Lá em cima eu pensava que era forte. E se eu me sentir fraquejar?
- - Ora. Conserva a melodia que ouvistes da Esperança e trabalha com a Fé em teu coração para venceres. Eu te auxiliarei.
- - Serei feliz assim?
- - Tanto quanto teu carma o permitir.
- - Pelo menos, dize-me, se por muito tempo ficarei?
- - Pelo tempo necessário. Valoriza as horas e acende a tua luz, estudando. Será impossível que ela não seja vista no meio da escuridão humana em que te encontrarás.
- Dulcíssimo coro ressoa em torno.
- - Que coro é esse?
- - São as Almas dos teus amigos e antepassados que vêm despedir-se de ti, diz-lhe o Guia.
- O Espírito se acalma. A comitiva penetra o recinto onde uma jovem mulher guarda o germe masculino da fecundação que dá o movimento inicial da Espécie. O cúmulo egóico do Espírito liga-se ao óvulo fecundado pelo seu potencial de base. O processo de reprodução tem início.
- O Guia dirige-se ao Espírito reencarnante: - Em nome de Iod e de Heva, apresento-te a tua mãe, a tua pátria viva, a quem estarás ligado pelas sagradas leis da geração! Sê unido a ela por todas as Potências da Vida Superior. Agora, devo retirar-me.
- - Já? Sinto-me desfalecer novamente. O que me acontecerá?
- - Não posso reter-me por mais tempo. Perderás a consciência paulatinamente à medida que o teu novo corpo for te requisitando mais energia. Voltarei, se souberes querer. Adeus!
- O Espírito vê partir o Mestre e ora procurando adaptar-se à situação. Alguns amigos espirituais permanecerão com ele por um mais de tempo. Depois, retirar-se-ão também.
- Sucedem-se os dias e três meses depois já não é possível ao Espírito reencarnante raciocinar com clareza. Uma atração invencível o arrasta permanentemente para o seu novo corpo. Começa a sentir-se sonolento. Pouco a pouco, céu, terra, lembranças do passado e tudo o mais vão desaparecendo de sua mente. Finalmente perde a consciência.
- Nove revoluções lunares são precisas para que o novo ser esteja pronto para nascer. Certo dia, uma força expulsiva retira-o de seu repouso uterino, empurrando-o para baixo. Após, um hausto vindo de sua porta zodiacal invade-lhe o tenro pulmão. Chora. Começa a sua vida fora do útero materno. O milagre da reencarnação consumou-se.
* * *
- Se tendes uma religião, chamai o clérigo da vossa fé, padre, pastor, rabino, imame ou marabuto, para que, em nome da Espécie e do estado social, saúde nesse Agárico vivo, fruto do milagre das leis da reprodução, a Ordem do Reino e a Lei do Reinado!
- Prestai também o mesmo tributo às almas simples, que embora não tenham passado pelos pórticos da iniciação e ainda ambicionem a vida material, são outros tantos fragmentos divinos que convosco e ao vosso lado partilham do mesmo destino cósmico da Evolução.
- Ai dos que, por insanidade ou mesmo por ignorância, ousem interceptar a chama de uma evolução que arde num útero materno, pois nela repousa o maior de todos os mistérios celestes: o Macrocosmo que se reduz à proporção de um ente humano!
- A encarnação completar-se-á na sétima volta do calendário solar, quando a última seção do cúmulo egóico estará incorporada.
- Ó vós, homens de ciência, que pondes a vossa honra em descender do antropoide! Sabei que, ao contrário da alma dos animais, que vem do fogo terrestre, a Alma humana vem do céu. Aprendei a ver neste mistério o flamejante carro de Ra que desce dos céus ao nível de uma simples encarnação humana.
- Se não podeis transcender o vosso orgulho, deixai ficar as mulheres. Elas saberão humildemente dizer: “Pai Nosso que estais nos céus...”
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Inspirado em “As Chaves do Oriente”, de Saint-Yves D’Alveydre.
Redação: Nsbarros
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